sexta-feira, 3 de abril de 2009

Ateus

Esta semana precisei tomar um táxi para casa e acabei passando por uma situação curiosa.

Quem me conhece bem sabe que não sou ou procuro não ser radical nas minhas opiniões. Gosto até de participar de um bom embate filosófico desde que as partes estejam dispostas a trocar e não simplesmente impor idéias. O que não pareceu ser o caso do meu taxista. Ele mansamente começou a abordagem falando de religião, a palavra sagrada, o livro sagrado e, de repente, voltou-se contra os ateus.

Disse: - Eu não entendo como podem existir tantos ateus hoje em dia. Como é que alguém pode viver sem acreditar em Deus?

Como ele esperava por uma resposta, retruquei:

- Sabe de quem é a culpa por existirem tantos ateus? É dos fanáticos religiosos que matam e fazem guerras santas em nome de um Deus diferente do meu. Milhares de pessoas já foram mortas e perseguidas em nome de diferentes religiões. Eu nunca soube de uma guerra que surgiu por causa de ateus. O máximo que já vi foram ateus lutando em guerras por patriotismo, não por fé. A maioria dos ateus que eu conheço (tenho vários amigos) são pessoas bastante racionais e com inteligência acima da média. Eles podem não acreditar em Deus mas também não acreditam em violência cega ou fanatismo.

Ele ficou mudo e me olhou espantado. Finalizei dizendo:

- Meu Deus é um Deus de amor e paz. A maioria das pessoas que segue cegamente uma religião ou credo não pensa muito no que ouve. Não reflete, não questiona. Isso as torna manipuláveis, faz com sejam presas fáceis para esse monte de aproveitadores que usam a religião para enriquecer. São esses os verdadeiros ateus que usam o nome de Deus em vão, apenas para seus próprios interesses.

Desse ponto em diante, o taxista seguiu mudo e pensativo. Acho que consegui gerar alguma dúvida na cabeça desse senhor, pensei comigo.

Vejo as pessoas seguindo religiões cegamente, tentanto encontrar alívio para suas aflições e dúvidas existenciais. Muitas delas são como certas pessoas que leem sobre um assunto novo ou ouvem algo interessante e já saem defendendo a idéia, julgando-se doutores no assunto sendo que sequer arranharam a superfície do tema. São como papagaios que repetem o que lhes foi dito, mas não tem argumentos consistentes que resistam a uma boa argumentação.

Quero concluir dizendo que acredito na liberdade de expressão e de credos. Cada um deve seguir o que acredita. Mas também acredito na coerência e no respeito às diferenças. Poucos são os que creem e são compreensivos o suficiente para aceitar pontos de vista diferentes dos seus.

Teríamos menos guerras e conflitos se parassem de usar o nome de Deus como se fosse um dos deuses da mitologia grega: Marte (Ares), o deus da guerra.

2 comentários:

Anônimo disse...

Postagem até bastante simples, sintetizando fantasticamente o problema básico da tal "liberdade de credo": A prerrogativa do "quem não pensa como eu está errado/condenado/etc".

Muito bom!

Filipeneeves disse...

Muito interessante. Muitos falam de Deus e não sabem sequer do que estão falando. Já dizia Eistein que grande parte dos cristão usa o nome de Deus sem o devido temor, sem saber de fato de quem estão falando. É preciso mais respeito e mais interesse em saber quem é o Deus que a Bíblia nos apresenta.
Para quem quiser saber mais o livro "Não tenho fé suficiente para ser um ateu" é de grande ajuda.

Um grande abraço a todos, Crentes e Ateus!

Edilson S Ribeiro
ribeiro-edilson@uol.com.br