quarta-feira, 17 de junho de 2009

Respeito de quem?

O Presidente do Senado, José Sarney, declarou em seu discurso que falta respeito aos homens públicos neste país. Que a mídia e a opinião pública estão sendo injustos com o seu passado, com 50 anos de bons serviços prestados.

Eu diria que na realidade falta aos homens públicos deste país respeito pelo povo que os elege e os mantém no poder. Quem é tão ingênuo a ponto de acreditar que ninguém sabia dos atos secretos? Prática corrente e notadamente usada com o objetivo de enganar o povo e a mídia.

Quem não deve não teme. Se o Senado não tivesse medo dos esqueletos no armário já teria feito uma devassa na estrutura inchada e ineficiente que o cerca.

Funcionários lotados em gabinetes recebendo salários regularmente e morando fora do país desde o início do ano? E ninguém notou a ausência nesse tempo todo? Alguém quer um atestado mais gritante de incompetência do que esse. Prova que a estrutura está errada e dá margens a esse tipo de oportunismo.

A funcionária em questão (parente do genro do senador Sarney)pediu demissão ontem e vai devolver os valores recebidos indevidamente. E fica por isso mesmo? Será que não cabe um processo por falsidade ideológica ou má fé? Não foi cometido nenhum crime? Será esse o único caso existente ou apenas foi o único a ser descoberto e exposto?

Quanto mais se mexe nesse vespeiro mais zumbido se ouve. Novos escandalos surgem diariamente e o que vemos são caretas de surpresa e indignação. Vamos inscrever o Congresso Nacional no Oscar. Pelo menos podemos ganhar alguma coisa com isso.

- E o Oscar de melhor ator de drama vai para o Senador Fulado de Tal, do Brasil!

Podemos concorrer em comédia, melhor enredo, ator e atriz tanto principais quanto coadjuvantes, trilha sonora e fotografia. Algumas desculpas apresentadas até nos habilitam na categoria de ficção científica.

Bons deputados e senadores são raros. Mas de excelentes atores estamos repletos.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Pranto Solidário...

Um amigo comentou ao ouvir sobre o acidente do Airbus da Air France:

-"Acidentes acontecem o tempo todo! Não sei porquê fazer tanto estardalhaço sobre esse acidente".

Tenho que concordar com meu amigo em um ponto: realmente acidentes acontecem todos os dias, pessoas morrem a cada minuto em vários lugares ao redor do mundo e com certeza nossa vida vai continuar depois deste acidente.

Mas eu me sinto particularmente triste e solidário com as famílias das vítimas deste acidente. Já perdi amigos em vários tipos de acidentes, inclusive aéreos.

A morte é a única e definitiva certeza em nossas existências. Porém, a morte abrupta, inesperada ou acidental de uma pessoa que nos é querida sempre nos afeta de forma diferente. Assistir à morte lenta e dolorosa de um parente ou amigo causada por uma doença esgota e causa muita dor. A morte de um amigo com que você conversou no dia anterior e com quem havia compromissos ou planos para o futuro costuma "tirar nossos pés do chão" e nos força a questionamentos e reavaliações.

Apesar de não conhecer nem ser próximo de nenhum dos ocupantes do voo acidentado sermos bombardeado por notícias a respeito o tempo todo, via internet, TV e rádio faz com que saibamos um pouco das biografias dessas vidas interrompidas. Crianças e jovens morreram além de muitos adultos. Deixam de ser desconhecidos para se tornarem conhecidos distantes.

Planos, carreiras, sonhos, desejos e amores interrompidos. Vivemos tão intensamente nossas vidas neste mundo em alta velocidade que, às vezes, nos consideramos eternos.

A lição que podemos aprender: vida sua longa intensamente sim. Planeje seu futuro com certeza. Mas não deixe tudo para amanhã. Reparta seus dias, visite seus amigos e parentes, faça aquilo que gosta, use sua roupa e seu perfume favorito.

Podemos a qualquer momento embarcar em um voo sem volta. Nenhum de nós está livre do que aconteceu aos passageiros e tripulantes do voo 447.