Temos os dois em nossas casas. Livros bonitos, com encadernação luxuosa, capa de couro, empilhados nas prateleiras, na biblioteca, na estante do quarto ou na sala. E os tijolos, quem se lembra deles? Também estão lá, escondidos por debaixo de uma camada de reboco e tinta. Esquecidos na maior parte do tempo, sendo lembrados apenas quando precisamos consertar um vazamento no encanamento, reparar a fiação ou pendurar um quadro.
De origem semelhante, um deles vem do barro batido e cozido em fornos enquanto que o outro vem das árvores e também é cozido antes de chegar em nossas casas. Mas a semelhança acaba ai. Vindos da mesma mãe Terra seguem caminhos diferentes e são tratados de forma completamente antagônica. Mas são tão semelhantes.
Você já imaginou sua vida sem tijolos e sem livros? Ficaria meio complicado, não ficaria? Será que estamos sendo injustos com os tijolos dando tanto atenção aos livros?
E o que dizer então dos homens-tijolos e homens-livros que existem aos milhares em nossas cidades. Poderíamos chamar de homens-tijolos os milhares de trabalhares braçais que passam despercebidos na maior parte do tempo, a chamada invisibilidade social de que são vítimas as pessoas que usam uniformes e se tornam transparentes ao colocá-los.
E homens-livros os cientistas, professores, engenheiros, médicos e outros profissionais que são vistos e tratados com mais respeito, com capa de couro e encadernação luxuosa, colocados cuidadosamente em estantes sociais e vitrines.
Mas que vieram do mesmo lugar, possuem a mesma origem, são seres da mesma raça e diferem apenas na funcionalidade, berço, oportunidade, luta, aparência ou simplesmente sorte e acaso.
Somente seremos seres humanos melhores quando esse tipo de distinção, discriminação ou separação diminua. Ou deixe de existir. Utopia? Pode até ser. Mas sonhar não custa nada.
E você? É um homem-tijolo ou homem-livro? Já pensou a respeito. E como você trata a outra classe de homens da qual você difere? Com desprezo, inveja, indiferença, igualdade, respeito?
Como diz meu amigo Túlio: vamos agir sempre para tornar o mundo um lugar melhor para se viver.
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Depois de tantos anos lembrei-me do tema da redação do meu vestibular e tomei a liberdade de re-escrever esse texto que tanto me fez pensar naquela época, apelando para a memória e atualizando um pouco o conteúdo. Espero que gostem.
