segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Ele é o Máximo!

Aquele senhor sentado do outro lado da rua chamou minha atenção enquanto almoçava. Usava chapéu (feltro?), um terno marrom surrado, sapato e parecia cansado. Carregava algo nas mãos mas não pude ver à distância.

Voltei ao meu almoço e meus pensamentos e, de repente, eis que ele estava parado à minha frente, com um largo sorriso no rosto e me dirigiu a palavra:

- O sr. pode continuar seu almoço que eu vou beber água e já volto.

Alguns minutos depois ele voltou e se apresentou:

- Meu nome é Máximo, tenho 79 anos, sou de Pernambuco, terra de homem macho que não leva desaforo pra casa. Sou honesto, trabalhador, moro em minha própria casa e ainda tenho uma para alugar. Sou cego de um olho (uma das primeiras coisas que se nota ao olhá-lo já que não usa prótese ou tapa-olho) e não tenho outra opção a não ser vender estas paçocas de amendoim para ajudar no meu sustento e da minha família. Afinal, quem vai dar um emprego para um velho caolho como eu? Se o sr. quiser, cada pacote custa R$ 10,00 e eu garanto que é boa qualidade.

Nesse momento eu ainda estava surpreso com seu discurso e disse que estava interessado sim. Ele sorriu e continuamos a conversa.

Contou então que trabalhava desde pequeno e que ficara cego em um acidente de trabalho. Trabalhava como pedreiro na construção civil, como tantos outros brasileiros, sem registro, sem garantias e sem benefícios. Agora trabalhava como ambulante mas mantinha a classe em seu terno surrado.

Como é comum em pessoas de certa idade, ele repetia a mesma frase algumas vezes. Talvez para ter certeza que eu havia entendido ou então para poder ouvir mais vezes sua própria estória.

E ele insistia em dizer que na terra dele cabra safado ia direto para a cova. Já havia assistido diversas vezes a acertos de contas que acabavam geralmente no cemitério (mas não disse se ele mesmo havia feito isso alguma vez). E que se pudesse pegar alguns desses políticos que roubam nosso dinheiro ele ia mostrar com quantos paus se faz uma canoa.

Figura interessante o sr. Máximo! 79 anos e toda essa disposição. Que exemplo de luta e persistência. E quantas vezes vemos pessoas pedindo dinheiro no semaforo em vez de trabalhar como ele!

Parabéns seu Máximo! O sr. é realmente o máximo!

PS: E a paçoca era boa mesmo! O pessoal do escritório provou e aprovou!

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